quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pelo menos, para ela.


Para ela, ninguém nunca teria um sorriso tão perfeito, com dentes tão alinhados e a boca tão bem desenhada. Era um sorriso que iluminava até quando visto por foto. E ela gastava horas admirando cada fotografia que tivesse aqueles dentes brilhantes presentes. Era impressionante a forma como ela se sentia bem olhando aquela boca, mesmo que através da tela do computador.

Para ela, nenhum par de olhos conseguiriam ser tão expressivos . Ninguém conseguia transmitir as emoções tão definidamente quanto o dono daqueles olhos. Quando aqueles olhos a fitavam com raiva, ela desejava sumir. Mas quando esses mesmos olhos brilhavam pra ela, uma forte onda de felicidade tomava conta de seu corpo. Aqueles olhos eram lindos, mesmo quando vermelhos de sono.

Para ela, nenhum nariz conseguiria ser tão bem afilado. Nenhum nariz ia conseguir ser tão suave ao cheirar seu pescoço e nem provocar arrepios daquele jeito. Até os arrepios dela eram diferentes quando causados pelo tão amado nariz. Não seria possível existir mais de um nariz com aquele formato. E seria menos possível ainda que alguém admirasse tanto um nariz como ela admirava aquele. Não só pelo próprio nariz, mas pelo espaço que ele ocupava no conjunto daquele rosto.

Para ela não haveria no mundo um queixo tão bonito. Aquele queixo era bonito com ou sem barba. Ela gostava da barba roçando no seu pescoço e na pele do seu corpo. E gostava quando não tinha barba porque ela se lembrava da primeira vez que viu aquele queixo sem pêlos, era bonito de todo jeito. Até a cicatriz na ponta ajudava pra que a beleza fosse ainda mais intensa.

Ele dizia que o cabelo era “tuim”, mas, para ela, aquele cabelo complementava perfeitamente aquele rosto. Ela seria capaz de passar o resto da vida fazendo carinho naquela cabeça, sentindo cada fio passar entre seus dedos. E cada vez que ela fazia um cafuné, se concentrava pra que toda a admiração dela ajudasse seus dedos a deixar mais relaxada aquela cabeça.

Para ela, aquelas orelhas eram as mais perfeitas. Ela nunca foi muito fã de orelhas não, nunca achou orelha uma coisa bonita de se ver. Mas se tinha um par de orelhas que não eram feias, era aquele. Até as orelhas ela conseguia achar lindas nele, até as orelhas ela conseguia admirar.

Ela conseguia desenhar aquele rosto perfeitamente com as mãos, fruto do treino de meses. Ela era capaz de sentir a textura daquela pele nos seus dedos, das sobrancelhas assanhadas, era só fechar os olhos. Quando ela tava triste, lembrava daquele sorriso, quando triste, suplicava por aqueles olhos. Aquele rosto era tudo, o dono daquele rosto era tudo, pelo menos, para ela.

“La vida es una colección de recuerdos
Pero a nada como tu recuerdo tan bien
Desde la redondez que tienen tus labios
Al olor de tu pelo
Al color de tu piel

No pienses que te iras y me voy a resignar
Eres lo mejor que me ha pasado
Entre lo mundano y lo sagrado
Y aun mas

Y siento
Algo en ti algo entre los dos
Que me hace insistir
Cuando miro en tus pupilas se que Dios no dejo de existir
Y siento
Algo en ti algo entre los dos
Que me hace insistir
Cuando miro en tus pupilas se que Dios no dejo de existir

Tu lo haces vivir”

En tus pupilas - Shakira

Um comentário:

eder disse...

Se pra ela era assim, então já bastava por tudo.
Beijo.