domingo, 31 de janeiro de 2010

Fênix


“Se eu quiser ser diferente, tudo precisa ser diferente...”

Noite clara iluminada pela luz da lua. Sentada na areia com os pés descalços, ouvindo o barulho das ondas. Pensamentos num ritmo ditado pelo balanço do mar. Sozinha. O mar era seu cúmplice, era a ele que ela contava tudo que descobria sobre si. E tinha descoberto muitas coisas nesse dia cinza que havia se passado..

“Se eu quiser ser diferente, tudo precisa ser diferente...”

Havia mudado tanto em tão pouco tempo... Mas não considerava que tinha se perdido dela mesma. Tinha certeza de que tinha se encontrado, não tinha mais dúvidas, não sentia mais a angústia tomar conta do seu ser. Tudo agora seguia numa melodia suave e doce. As coisas aconteciam com a calma de um cirurgião.

“Se eu quiser ser diferente, tudo precisa ser diferente...”

O mar olhava para a menina como quem a parabenizasse por tal feito. Ele sabia que a sua bonequinha tinha se tornado uma mulher. Adulta. Ainda mais certa do que sempre foi do que considerava certo e errado. Às vezes, intolerante. Segura de si e do que queria. Não perdia mais tempo com bobagens, não ultrapassava mais os próprios limites.

“Se eu quiser ser diferente, tudo precisa ser diferente...”

Naquele dia cinzento, depois de assistir um filme com a família, foi à praia. Foi dizer ao seu amante, o mar, que ela estava certa de seu caminho. Foi confessar às ondas que sabia o propósito daquilo tudo, foi mais uma vez agradecer a Deus por toda transformação. Havia renascido das cinzas. Olhou pra lua e ela lhe sorriu de volta, como quem aprova tal feito. A frase ecoando na sua cabeça… Tudo estava muito diferente e ela preferia assim, era o que ela tinha escolhido.

“I'm Just now waking up
to what life is facing us
and to what we've all become
Some people call your name,
but it's not the same...
I'm just now waking up

We think we know good,
we think we know the bad
we think we know just what
this world is spinning for”

Waking up – S.O.J.A.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Bem melhor assim.


Acordou com o cheiro do cigarro dos outros no cabelo que não lavou antes de dormir. Acordou com o rosto manchado do rímel preto que pensou ter conseguido tirar com água e sabonete. Tinha acordado com a ressaca de quem não bebe, mas passa a noite dançando em cima do salto alto. Tinha acordado feliz, apesar do cansaço.

As lentes de contato estavam guardadas, a roupa no balde de roupa suja e os sapatos no armário. Ainda havia uma quantia considerável na carteira e seus celulares já estavam carregados. Nem se lembrava mais de como era a sensação de acordar como era antes, bêbada e em meio a um caos.

Tinha voltado dirigindo por que era a única sóbria. Tinha voltado dirigindo como todas as vezes desde que resolveu que não beberia mais. Era a única que lembrava de todos os detalhes sempre, era a única que não passava mal de manhã. Era a única que sempre estava feliz, mesmo sem bebida, mesmo sem cigarro, mesmo sem todas essas coisas que as pessoas usam pra "se divertir". Não precisava mais de nada, só das amigas e de algumas coca-colas.

Não saía mais pra lugares muito cheios e nem pra onde não se sentisse bem. Não comia mais tanta besteira. Agora só fazia o que lhe fazia bem, só andava com quem fazia bem. Queria só dançar e rir. Rir muito e dançar muito, até a barriga e as pernas não agüentarem mais. E pra descansar, lia seus milhões de livros, estudava, arrumava seu quarto, passeava com a cachorra, ouvia música, dançava, ficava com a família.

Trocou de roupa e foi ver o mar, era olhando pra ele que ela esquecia qualquer tristeza e onde ia para agradecer a Deus. A vida era melhor assim, bem melhor, diga-se de passagem. Ela estava feliz, como nunca pensou que ficaria... Seguia amando, a tudo e a todos.

“If i could spend the rest of my life with my people
I would do it over and over again
I'm within my mind that i know there's no equal
When i'm falling out, will they pull me back in

--

All i really need
It's all i have ever seen
Only thing works for me
Is to feel it, feeling”

Rest of my life – S.O.J.A.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

acredita em anjo?


“eu tenho um anjo e um guarda-chuva. vermelho. de proteger. trancado no céu de um avião que de tão longe (só) eu vejo embaçado. fica escondido entre um ponto e outro dos pontos cardinais. lá onde se abriga do sol. seus dentes fazem um sorriso e depois junto aos trovões segue imune ao estrondo dos relâmpagos. dali dança como um ritual de alegria. a barca só corre como um tempo lento. e não adianta se apressar. era mesmo preciso diferenciar seu sorriso. dali de tão longe não há o que fazer e se você ainda some é mais difícil. junto as mãos e só quero que isso passe. mesmo que morra e/ou apague da existência. meu guarda-chuva tá quebrado e mesmo assim meu anjo não há de abandonar o posto enquanto eu não estiver pronto.”

Eu também tenho um anjo e um guarda-chuva. E o mais engraçado é que ele pensa que sou o mesmo pra ele. Ele acha divertido o meu jeito de dançar pra afastar a tristeza, apesar de nunca ter me visto dançando. Ele se diverte com meu sorriso de dentes enormes, mesmo só o tendo visto por fotos. Ele sabe do meu medo de trovão, raio e relâmpago. Ele sabe que às vezes tenho medo do escuro, que tenho medo de ficar sozinha. Eu também tenho um anjo e um guarda-chuva, a muitas horas de distância, mas muito mais presente do que uma pessoa que more na mesma cidade que eu. Ele sabe que o guarda-chuva aqui tá em pedaços, mas mesmo assim não me deixa perder a vontade de amar, não me deixa ter medo de me entregar, mesmo assim perde horas pra que eu ainda lute pelo que quero. Meu anjo também não está bem, mas a gente se faz melhor, a gente se consola, mesmo sem se ver, mesmo longe, mesmo quebrados. E ele também não vai me abandonar até que eu esteja pronta. Meu grande amigo, muito obrigada.

“Acredita em anjo
Pois é, sou o seu
Soube que anda triste
Que sente falta de alguém
Que não quer amar ninguém.

Por isso estou aqui
Vim cuidar de você
Te proteger, te fazer sorrir
Te entender, te ouvir
E quando tiver cansada
Cantar pra você dormir.”

Banda Eva - Anjo

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ame.


Toda grande história de amor precisa de um obstáculo. Que graça teria se fosse sempre tudo muito lindo, tudo muito feliz, tudo muito certo? A gente precisa de tristeza pra dar valor à felicidade, a gente precisa ficar um tempo longe pra sentir saudade, a gente precisa perder pra aprender a ter. E a gente precisa amar, e amar muito, se quiser viver uma linda história, daquelas de orgulhar qualquer cidadão ou de criar uma pontinha de inveja em qualquer coração de pedra...

É, eu sei, sou uma romântica irremediável. Acredito que não tem muito sentido viver sem amor. Quando você ama, tudo fica mais bonito, VOCÊ fica mais bonito. Fica mais fácil de admirar as cores das flores, os tons de uma melodia ou o balanço do mar. Vai me dizer que você nunca se pegou sonhando acordado com o abraço ou com o beijo de uma pessoa?

Se você nunca amou na vida, não sabe o que tá perdendo. Duvido que veja algum sentido em passar por certas dificuldades da vida. Quem não ama não tem a facilidade de sorrir com besteiras, não sabe o que é sonhar acordado. Aquele que não ama, não sabe o que é se pegar sorrindo “só” por lembrar-se do sorriso da pessoa amada.

Quantas histórias a gente não ouve de pessoas mais velhas: a gente passou por muita coisa pra chegar até aqui, ou ainda, eu achei que a gente nunca mais ficaria juntos e olha aí... Os amores verdadeiros superam todas as barreiras, distância, desilusão, tempo. É só as duas partes se amarem o suficiente pra enfrentar tudo. Sofrimento faz parte da vida e é por causa dele que a felicidade existe.

Eu mudei muita coisa na minha vida, mas o amor... Ah... Esse eu não vou abandonar nunca! Se eu cheguei até aqui foi por amor, a mim, a Deus, a minha família e a todos vocês que fazem parte dessa minha vida doida. Se hoje eu sou o que sou é por amor...

“Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar

Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
Por que recusar
A luz em você
Deixar pra depois
Chorar... pra quê?”

Paulinho da Viola - Ame

medo que dá medo do medo que dá.


Sempre temos muitas conversas, longas e interessantes. Um sempre tentando ajudar o outro, um sempre trazendo o outro pra razão ou tirando dela. Um tentando equilibrar o outro em relação à razão e sentimento. Apesar da distância, um sempre fazendo muita diferença na vida do outro.

Nessa última conversa não foi diferente, dessa vez conversávamos sobre o medo e sobre os reflexos dele. Até onde o medo interfere na gente? Até onde o medo nos impede de viver coisas boas? Ou melhor, até onde a vontade de ser feliz supera o medo? Até onde a gente se arrisca?

Minha irmã costuma dizer que só tem coragem, quem já teve medo antes. Faz sentido. O problema é explicar isso pra cabeça da gente, ou pro coração. Aquela velha história do limite fica latejando no nosso juízo... O problema é saber a hora certa de deixar o medo de lado e a de dar cabimento a ele.

Tudo tem que ser bem pensado, cada vez que a gente se sente ameaçado é diferente da anterior. Quando o medo é em relação a pessoas, a gente precisa ver que as pessoas mudam e que a gente também muda. Quando o medo é em relação a situações, a gente deve procurar analisar a melhor forma de contornar.

Eu prefiro arriscar, a minha vontade de ser feliz supera os meus medos, mas não faz com que eles não existam. Eu prefiro a consciência limpa de que fiz tudo o que foi possível, que lutei até onde pude e um pouco mais. Eu prefiro aproveitar cada momento. Eu tento não deixar o medo não tomar conta de mim, mesmo que não consiga sempre.

Acho que Henfil estava certo quando escreveu:Se não der frutos, valeu a beleza das flores; se não der flores, valeu a sombra das folhas; se não der folhas, valeu a intenção da semente". No meu caso, prefiro continuar arriscando.

“Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez"

Miedo - Lenine

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Não acho.


Não acho que eu tenha ficado tão intolerante. Na verdade o que se estranha é como eu encaro as coisas agora. Deixei de ser o “bob esponja”, preocupo-me agora só com o que realmente importa ou com quem realmente merece, cansei de sair absorvendo os problemas do mundo todo. Tenho tanta coisa minha pra resolver ainda... Fiquei sem tempo pra todo o resto de baboseiras de quem não quer encarar as coisas da vida.

Não acho que eu tenha me tornado fria e com o coração de pedra. Na verdade o que se estranha é que eu comecei a ter mais juízo, coisa que me faltava e muito. Continuo sendo a mesma boba de sempre, mas não vou gastar o meu afeto com quem não merece. Eu ainda adoro fazer carinho e conversar besteira, mas prefiro fazê-lo com quem vale à pena.

Não acho que eu tenha perdido a graça ou que esteja me tornando uma velha coroca. Na verdade o que se estranha é a falta de paciência com as coisas que antes eu fazia. Não tenho mais paciência pra quem não respeita as pessoas que estão a sua volta. E nem vejo mais sentido em fazer certas coisas. “Eu não deixei de achar graça nas coisas, simplesmente, hoje eu quero ser levado a sério.”

Não acho que eu tenha me tornado solitária. Na verdade o que se estranha é que eu não saio mais pra qualquer lugar nem com qualquer pessoa. Tornei-me uma pessoa seletiva e agora respeito mais os meus limites. Cansei de agradar a todo mundo e não estou nem um pouco preocupada com o que pensam.

A mudança começa dentro da gente. Eu estou mudando, aprendendo, refletindo, acreditando. Minha fé e meus desejos: todos renovados. Eu tinha dois caminhos, continuar com os erros e ser melhor, escolhi o segundo. Quem realmente quer o meu melhor, está muito feliz com isso, assim como eu também estou. Quem ainda não entendeu toda essa revolução é porque não tem convivido o suficiente comigo. E quem não gostou, paciência... Não tem exercício melhor que olhar pra dentro de si.

“Deus tem o melhor pra mim
Deus tem o melhor pra mim
E o que perdido foi
Não se compara com o que há de vir

Fernandinho – Deus tem o melhor pra mim

sábado, 23 de janeiro de 2010

sem intenção


De dentro da foto, ele sorria. E aquele sorriso era para mim. Ele não sorria pra câmera, era para mim que ele mostrava todos os dentes. Aquele sorriso, estampado naquela foto, era pra mostrar o quanto estava feliz, aquele sorriso era porque ele me achava uma boba, segurando aquela câmera. Sorriso misturado com careta, pra não fazer pose, mas já fazendo, pra não mostrar toda a sua beleza e mostrando muito além disso...

De dentro da foto, ele confessava o que sentia. Sem falar nada, mas já dizendo tudo. Uma foto, que poderia ser como qualquer outra foto, mas não era. A imagem contida nela tinha significado. Aquele sorriso trazia um milhão de declarações que só eu entenderia. Um sorriso que tentava não ter significado, mas que tinha muito mais que até um dicionário pudesse ter...

Era pra ser um sorriso sem intenção, contido numa foto sem intenção, tirada num momento sem intenção. Mas havia muito sentido em tudo aquilo. E o que era pra ser sem intenção, acabou sendo uma lembrança muito boa daquele instante...

“Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me
Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me

So save me, I'm waiting
I'm needing, hear me pleading
And soothe me, improve me”

Semisonic – Secret Smile

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

meu melhor professor


Olhando sem prestar muita atenção, ele parece ser bem sério. Mas quando a gente vai se chegando, percebe que aquele 1,83m de óculos na verdade é bem divertido. Ele faz as PIORES traduções simultâneas que qualquer música pode ter. Tem as piadas mais engraçadas. O melhor inglês integral, digno de anos de estudo nas melhores faculdades. E não adianta ficar de cara emburrada na frente dele não... Ele vai te fazer rir, é fato!

- Dê um sorrisinho pra mim, vá... Iiiih, esse tá muito fraco! Agora sim!!!!

Assistir filme com ele é uma comédia, ele tem sempre umas tiradas que vão te fazer se acabar de rir e perder alguns segundos de atenção no filme. Quando tá suado da academia, fica fingindo que vai me abraçar e adora se gabar da camisa ensopada de suor. Tem mania de aperriar o seu juízo só porquê você fica passando do lado dele.

Eu adoro quando ele chama o Patrick Swayze de pato, quando ele me abraça, mas odeio quando ele faz eu me arrepiar passando a barba por fazer no meu pescoço. Adoro quando ele me conta sobre o desenvolvimento dos programas dele ou fica me mostrando tudo o que seu celular ou computador podem fazer. É o melhor companheiro, pra tudo.

Ele é o meu herói, um lado do meu espelho (o outro é minha mãe), meu melhor professor, meu melhor amigo (mesmo que eu nem conte tudo pra ele), o cara mais forte do mundo, o mais inteligente, o mais brabo, o mais divertido e o mais bobo. Meu pai é tudo, pelo menos pra mim!

“Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...”

Pai – Fábio Jr.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

só pra quem merece.


Dessa vez eu nem precisei das lentes de contato nem dos óculos. Estava tudo ali, tão debaixo do meu nariz que eu nunca tinha enxergado. Estava tudo ali, tão estampado em mim que eu nunca tinha percebido. Estava tudo ali, sempre esteve tudo tão ali, tão a vista que eu nunca tinha me dado ao trabalho de notar.

Foi bom o choque, foi bom o medo, foi bom ter havido tristeza. Tudo serviu pra reacender a esperança, tudo serviu como aprendizado, tudo serviu pra eu dar mais valor a felicidade. Cada mês, cada dia, cada hora e cada segundo dos últimos tempos valeram a pena. Cada lágrima derramada, cada sorriso sem luz, cada momento de desespero, cada noite acordada, também valeu a pena. Sofrimento é amadurecimento...

No final das contas absolutamente tudo teve alguma serventia, até a coisa mais simples me ajudou a abrir os meus olhos, a me enxergar com clareza, a ver os outros com muito mais nitidez. Não vou mentir e dizer que fiquei satisfeita com o que vi, mas estou muito satisfeita com o que isso provocou. Estou muito satisfeita com as mudanças e muito esperançosa de que, agora sim, tudo comece a caminhar da melhor forma.

Aos que questionam meus atos de agora, só posso dizer que a criança boba só existe agora para as brincadeiras. A mulher que tomou o seu lugar nas horas sérias é bem mais centrada e cansou de ser a coitadinha do mundo. A pessoa que vos fala não quer mais saber daquilo que não a engrandece e pegou abuso de tudo que tenta a colocar pra baixo. Perdeu a paciência com muita coisa que antes dava valor.

A quem me ajudou a levantar, deixo o meu eterno agradecimento. Peço desculpas se alguma vez coloquei vocês no mesmo patamar de quem não merece, eu estava cega. Daqui pra frente não deixarei mais as coisas do jeito que estavam, nem tomar as proporções que tomaram. Acordei pra vida real e os contos de fada, continuarei admirando, mas só nos livros.

Parabéns a todos que conseguiram ajudar a essa cabeça teimosa a entender um pouco mais das coisas. Que me desculpem aqueles que não conseguiram me manter no chão. Que me perdoem todos, sou falha, assim como vocês. Nasci de novo, com a mesma doçura de sempre, com os mesmos sorrisos enormes e cheios de dentes, com o mesmo brilho no olhar, com a mesma vontade de dançar e com uma quantidade superior de carinho pra dar. Mas agora, SÓ PRA QUEM MERECE.

“Enquanto eu penso, tanto entendo
Que é mais fácil não pensar
O que era certo, eu aprendi
A sempre questionar
Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar
Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar
Sei mais do que eu quis
Mais do que sou
E sei do que sei”
Sandy e Júnior – Abri os olhos

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A princesa e o dragão.


Num reino muito distante, uma princesinha morava no alto da torre de um castelo. Quando olhava pela pequena janela, tudo o que via era uma bela paisagem e um dragão. Bicho esse que era grande e muito feroz. Cuspia fogo em sua direção quando estava com raiva, quando a princesinha chorava na janela ou quando ela achava que tinha conseguido força suficiente para derrotá-lo.

Essa princesinha era linda, diferente das princesinhas dos outros contos. Morena, cabelos cacheados, olhos negros e usava óculos. Seu sorriso era composto de dentes enormes, tinha um brilho ofuscante no olhar e quando dançava, o mundo girava ao seu redor. Tinha se tornado ainda mais bonita desde que o dragão a aprisionara, tinha emagrecido e passado a se cuidar mais. Princesas sempre são lindas apesar da tristeza que carregam com elas...

O dragão tinha lhe posto um feitiço, ela podia sair da torre e do castelo, mas o dragão lhe acompanharia. Ele era traiçoeiro, as vezes fingia ter desaparecido para que a princesa se sentisse livre, mas no primeiro deslize da mocinha ele voltava a cuspir fogo, esbravejar e machucava a coitada tomado pela raiva. O dragão não era bobo e a princesinha, de forte, só tinha a vontade de ser feliz.

Vários príncipes, caçadores e camponeses tentavam matar o terrível dragão, mas a cada tentativa ele ganhava mais força, mais alto ficava seu rugido e mais quentes as suas chamas. Por mais que fizessem, o dragão simplesmente não morria e nem parava de ganhar forças. A bela princesa sabia que só duas pessoas podiam domar aquele monstro terrível, e uma delas, era ela mesma. A outra pessoa capaz de tal feito era um príncipe de um reino não muito distante, mas que carregava consigo uma grande mágoa da princesinha. Ela já havia feito de tudo, tanto para tentar acabar com o dragão, quanto para que o príncipe a perdoasse. Ela sabia que ele também era falho e o desculpava por isso, ela o perdoava sempre, por que sabia que ninguém no mundo era perfeito.

E se um dia você encontrar com essa princesinha, vai saber o motivo de tanta força, tanta vontade e tanto amor. Você vai entender porque esse conto não tem fim. Vai entender que não é julgando ou criticando que a gente faz com que alguém se acerte, mas amando e mostrando novos caminhos. Ah! E sobre o dragão, o nome dele era saudade...

"Eu tentei mas não deu pra ficar
Sem você enjoei de esperar
Me cansei de querer encontrar
Um amor pra assumir seu lugar

É muito pouco,
Venha alegrar o meu mundo que anda vazio, vazio
Me deixa louca
É só beijar tua boca que eu me arrepio,
Arrepio, arrepio

E o pior
É que você não sabe que eu
Sempre te amei
Pra falar a verdade eu também
Nem sei
Quantas vezes eu sonhei juntar
Teu corpo, meu corpo
Num corpo só"
Maria Rita - Num corpo só

sábado, 16 de janeiro de 2010

Paulo, Nanda, o outro.


Paulo queria uma chance, dizia poder fazê-la feliz. Nanda só respondia que não. Paulo fazia de tudo; comprava flores, lhe mandava lindas mensagens, dizia tudo o que toda garota quisesse ouvir. Buscava-lhe para um passeio, levava-a ao parque, a praia. Ela era a sua rainha.

Ele dizia que faria tudo por ela, a vida inteira. Nanda sabia que não. Ele sonhava com o dia em que ela ia dar uma oportunidade ao seu amor. Esperava ansiosamente que o coração dela desocupasse ou que ela cansasse de desilusões. O coração dela era bobo, mas para ele, parecia o maior general.

Nanda estava apaixonada. Paulo sabia, era por outro. Ela não queria magoar o rapaz, não aceitava seus presentes e só respondia as declarações com um sorriso. Ela sabia o quanto era difícil para esse moço, mas sentia ser muito pior pra ela. Ela não fazia isso porque queria.

Ele sabia que as vezes forçava a barra. Mas queria ela, queria muito. Ela que não queria nada, com ninguém que não fosse aquele cara (preferia nem dizer o nome!). As vezes ela se perdia em pensamentos, não ouvia nada, não falava nada. Paulo tinha certeza: era o tal invadindo os pensamentos dela.

Paulo e Nanda seguiam assim. Ele tentando conquistar ela. Ela tentando reconquistar o “outro” (como Paulo chamava). Ele sabia que não seria nunca pra ela, o que o outro era. Nanda desejava poder amar outra pessoa, mas não conseguia, nem mesmo sabia se queria. Mas com Paulo, não ficaria.

“Ninguém jamais pôde mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar
E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas
Nem perca tempo assim contando história...”

Trajetória – Maria Rita

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

panela de pressão


Depois do susto, as mãos trêmulas, frias. O corpo lento, a mente frenética. Pensamentos entrando e saindo da cabeça no mesmo ritmo em que seu coração batia: rápida e desordenadamente. As vontades eram muitas. Correr, gritar, rir, chorar, morrer, sumir. Era sempre assim. Sempre foi assim desde que as coisas tinham dado errado.

Ela tinha adquirido muitos medos desde então. Agora tinha medo de dormir, medo de sair, medo de dirigir, medo de ficar em casa, medo de ficar sozinha, até do escuro, seu grande companheiro, ela tinha medo. Tinha medo de não ser mais feliz, se sentia vazia e ao mesmo tempo, tão cheia. Cheia de estar presa ao passado, cheia de saudade, cheia das lembranças de um amor que já não era mais retribuído, cheia de se sentir vazia.

Sentia que enganava o mundo com sua pose de menina feliz e mulher dura, só não conseguia enganar a si mesma. E a noite, em seu quarto com a companhia dos seus medos, ela abria espaço pra tristeza e pra saudade, permitia que as lágrimas rolassem, deixava o corpo respirar longe da fantasia tão quente. Ninguém queria vê-la chorar e por isso ela continuava a usar a armadura.

Durante a noite ela se permitia sentir a presença daquele que ela tanto esperava. Era capaz de jurar sentir seu abraço, sentir o cheiro e ouvir aquela voz. Era durante a noite que ela se encontrava com ele, mesmo que em sonhos ou pesadelos. À noite, ela era ela mesma, ela e seus fantasmas, ela e seus medos, ela e suas dores, ela e seus anseios.

Assim ela permanece até hoje. Durante a noite, vai ao encontro daquele que ama em seus sonhos, pra poder ter vontade de acordar no dia seguinte. Nesses encontros, mesmo que sendo apenas ilusão, ela sente novamente aqueles lábios e eles lhe dizem ao ouvido que nem tudo está perdido. “Tá tudo bem, eu estou aqui com você...”, ele continua dizendo em seus pensamentos e ela acorda, veste sua armadura e vai vivendo.

“It's you and me
And it's always been
And how I feel about you
Theres no end.

But you made me
Chase you around
And then you need me again
When you fall down.

And when this dance is done,
You and me are still
The only ones.

Yeah since time begun
And i'm still with you
Even when you're gone.”

You and Me – S.O.J.A.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pelo menos, para ela.


Para ela, ninguém nunca teria um sorriso tão perfeito, com dentes tão alinhados e a boca tão bem desenhada. Era um sorriso que iluminava até quando visto por foto. E ela gastava horas admirando cada fotografia que tivesse aqueles dentes brilhantes presentes. Era impressionante a forma como ela se sentia bem olhando aquela boca, mesmo que através da tela do computador.

Para ela, nenhum par de olhos conseguiriam ser tão expressivos . Ninguém conseguia transmitir as emoções tão definidamente quanto o dono daqueles olhos. Quando aqueles olhos a fitavam com raiva, ela desejava sumir. Mas quando esses mesmos olhos brilhavam pra ela, uma forte onda de felicidade tomava conta de seu corpo. Aqueles olhos eram lindos, mesmo quando vermelhos de sono.

Para ela, nenhum nariz conseguiria ser tão bem afilado. Nenhum nariz ia conseguir ser tão suave ao cheirar seu pescoço e nem provocar arrepios daquele jeito. Até os arrepios dela eram diferentes quando causados pelo tão amado nariz. Não seria possível existir mais de um nariz com aquele formato. E seria menos possível ainda que alguém admirasse tanto um nariz como ela admirava aquele. Não só pelo próprio nariz, mas pelo espaço que ele ocupava no conjunto daquele rosto.

Para ela não haveria no mundo um queixo tão bonito. Aquele queixo era bonito com ou sem barba. Ela gostava da barba roçando no seu pescoço e na pele do seu corpo. E gostava quando não tinha barba porque ela se lembrava da primeira vez que viu aquele queixo sem pêlos, era bonito de todo jeito. Até a cicatriz na ponta ajudava pra que a beleza fosse ainda mais intensa.

Ele dizia que o cabelo era “tuim”, mas, para ela, aquele cabelo complementava perfeitamente aquele rosto. Ela seria capaz de passar o resto da vida fazendo carinho naquela cabeça, sentindo cada fio passar entre seus dedos. E cada vez que ela fazia um cafuné, se concentrava pra que toda a admiração dela ajudasse seus dedos a deixar mais relaxada aquela cabeça.

Para ela, aquelas orelhas eram as mais perfeitas. Ela nunca foi muito fã de orelhas não, nunca achou orelha uma coisa bonita de se ver. Mas se tinha um par de orelhas que não eram feias, era aquele. Até as orelhas ela conseguia achar lindas nele, até as orelhas ela conseguia admirar.

Ela conseguia desenhar aquele rosto perfeitamente com as mãos, fruto do treino de meses. Ela era capaz de sentir a textura daquela pele nos seus dedos, das sobrancelhas assanhadas, era só fechar os olhos. Quando ela tava triste, lembrava daquele sorriso, quando triste, suplicava por aqueles olhos. Aquele rosto era tudo, o dono daquele rosto era tudo, pelo menos, para ela.

“La vida es una colección de recuerdos
Pero a nada como tu recuerdo tan bien
Desde la redondez que tienen tus labios
Al olor de tu pelo
Al color de tu piel

No pienses que te iras y me voy a resignar
Eres lo mejor que me ha pasado
Entre lo mundano y lo sagrado
Y aun mas

Y siento
Algo en ti algo entre los dos
Que me hace insistir
Cuando miro en tus pupilas se que Dios no dejo de existir
Y siento
Algo en ti algo entre los dos
Que me hace insistir
Cuando miro en tus pupilas se que Dios no dejo de existir

Tu lo haces vivir”

En tus pupilas - Shakira

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Aquele abraço...


Não é um abraço comum desses em que as pessoas só juntam os corpos. Aquele abraço tem calor, tem uma energia boa. Aquele abraço me fazia me perder nos meus pensamentos, esquecer todo e qualquer problema. Ai, aquele abraço...

Não era desses abraços que a gente dá só porque precisa. Aquele abraço era algo que eu precisava sempre. E ainda preciso, pra ser sincera. Aquele abraço é o que eu preciso seja qual for a situação. Era a maneira mais fácil de ficar tranqüila. Ai, aquele abraço...

Não via o tempo passar quando estava envolvida naqueles braços. Aquele conjunto: ombro – sorriso - braços, me fazia sair do eixo, não desejar mais nada. Aquele abraço era um misto de segurança, carinho e felicidade. Era nele que eu encontrava todos os sentimentos bons. Ai, aquele abraço...

Me envolver naquele corpo, encostar minha cabeça naquele ombro, sentir aquele cheiro inebriante, é tudo que eu mais quero. Vou sempre querer. Porque aquele não é qualquer abraço. Porque aquele abraço envolve muito mais que apenas meu corpo. Ai, aquele abraço...

Aquele abraço... Tem poderes mágicos, preciso confessar!


"Hope it isn't too late
To say I love you
Hope it isn't too late to say
That without you this place looks like London
It rains every day
Don't you know it, babe
I'm only half a body
Without your embrace

Let me tell you why
My heart is an unfurnished room
Any suggestions?
Don't have to tell you more than that
'Cause no one knows me like you do
Without exception”

Your embrace - Shakira

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

delírios sobre o amor

Acho engraçado como nos filmes tudo parece tão mais fácil. Talvez por isso eu goste tanto de cinema. A gente sofre junto com o drama dos outros, mas quando a luz acende, volta tudo ao normal. Na vida podia ser assim, acabou a história, acabou o sofrimento, só não teria tanta graça.
Bom mesmo é quando as duas partes deixam de se amar, caso raro de ocorrer. Normalmente, um deixa de gostar e o outro morre amando. Porém, ainda há uma pequena parcela em que as duas partes continuam se amando, mas desistiram de tentar fazer dar certo. Nas duas últimas, alguém sempre sofre. Quando se fala de amor, quase sempre o sofrimento acompanha. Uma história tão triste, mas tão bonita...
O amor não é um feitiço, é destino, obstinação. A gente não vê o amor acontecer, por isso não sabe como acontece. Um dia, os olhos se abrem e “Nossa! Como eu amo essa pessoa!”, simples assim, um passe de mágica. Daí, a gente entende a verdadeira razão da frase: “quem ama o errado, certo lhe parece”. A gente ama aquela pessoa do jeito que ela é, mesmo que tenha um milhão de coisas que ela poderia mudar.
Vai ver ele nem quer tanto assim um sorvete, mas ela precisa dele. Vai ver ela nem quer ficar em casa hoje, mas ele precisa dela. Um precisa daquele outro que conhece seus poros, suas dores, seus medos, suas virtudes. Cada um precisa do cada qual que te faça acordar todo dia. Precisamos dos olhos doces, das mãos firmes e suaves, dos sorrisos cheios de luz, dos abraços que afastam os medos.
Como romântica assumida, penso que quem não morre de seu amor, dele não merece viver. Sem obstáculos o amor acaba, não há mais o que contar. Os amantes se amam, mas não conseguem superar os obstáculos e serem felizes. Eu acho que a saída é não desistir de procurar a saída; mesmo que ela não exista.

“I know it‘ll be
Different this time
If you‘d just stay
And when we wrote this story
How did it end?
It was you and me for all our lives
Come on, don‘t say it
We‘ll try again
And if I‘d just hold you
We could last”
The Offspring – Denial, revisited

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Porque eu sou feita de amor.

Eu não quero coisas extraordinárias. Quero sentimentos, sensações, emoções. Quero conhecer lugares bonitos com bons acompanhantes. Quero provar a maior quantidade de sabores de sorvetes. Quero fotografar muitas praias.

Quero ter muitas histórias pra contar aos meus filhos. Quero ouvir deles muitas aventuras e cuidar de muitos arranhões. Quero um marido pra eu poder amar com todo o meu ser e que ele me ame com tudo o que pode também. Quero domingos em família, com a família que irei construir.

Quero trabalhar muito, estudar muito, ler muito. Quero ouvir vários estilos musicais, quero dançar vários ritmos. Quero chorar de rir e quero rir por chorar. Quero dar muitos abraços, quero ajudar muita gente. Quero ter as melhores lembranças.

Quero viver aproveitando sempre a natureza. Quero agradecer ainda muitas coisas a Deus. Quero paz, tranqüilidade, amor. Quero poder sempre sentir, poder sempre amar, apesar das desilusões. A gente só se ilude com quem ama... Quero sempre ter o coração mole, quero sempre saber perdoar.

Quero assistir muitos filmes, comer pipoca com guaraná, comer açaí olhando o mar. Quero dirigir por várias estradas. Quero sentir o vento no rosto, sentir o cheiro de maresia e o sabor do sal ao sair do mar. Quero sempre ter imaginação pra ver desenhos nas nuvens, quero sempre admirar a lua e as estrelas.

Quero sensações e não objetos. Quero tudo, “porque muito pra mim é tão pouco e pouco eu já não quero mais”, como canta Maria Rita. Quero tudo o que for meu por direito, quero tudo que Deus tenha pra me dar! Quero continuar feliz, quero todo mundo que eu amo feliz! É querer demais?

“Tinjo a imensidão
Com tintas na medida do meu caro coração

Voltar para o mesmo lugar
É impossível, irreal
Viver é qual o correr de um rio
Jamais retorna
Achei o que é melhor pra mim
E o tempo já me deu seu sim
E meu samba-canção
Revela a medida do meu coração”

A medida do meu coração – Maria Rita

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Fé e paz...

Paz. É isso que eu estou sentindo. Nesses dias eu tenho vivenciado coisas muito boas. Família, surpresas maravilhosas, amigos, benção de são Félix, praia, pés na água, encontro com Deus. Coisas que vem acontecendo pra me mostrar o porquê de cada coisa acontecer de uma forma específica.
Tenho aprendido muito e tenho estado com muita vontade de aprender ainda mais. Voltei a devorar livros, a ser amante das palavras. Gostei de alguns comentários que ouvi: “você é tão boa falando, quanto escrevendo, difícil ter as duas qualidades”. Não concordo, mas agradeço o elogio. Sempre bom ter algo seu reconhecido, né?
Acredito que a paz e a fé andam sempre de mãos dadas, quando uma cresce, a outra acompanha. E isso vai acontecendo de acordo com o que você escolhe pra si. Li no blog de um amigo: “E sem Amor só nos resta morrer ou fumar. Eu decidi continuar amando e parei de fumar.” Você sempre tem que fazer algo pra conseguir outra coisa e de acordo com essa escolha você encontra a paz, ou não.
Bem pessoas, minhas escolhas foram tomadas, algumas baseadas nas decisões de outras pessoas, outras pelo meu coração. Aumentei o meu contato com o “Cara lá de cima”, como diria Xuxa, e com esse aumento, consegui um milhão de outras coisas.
Escolham com calma, pensem com a cabeça, mas não esqueçam do coração. Falem, mas não esqueçam de ouvir. Vivam e amem a tudo e a todos... A vida é muito linda pra se perder tempo com bobagens!

“Just lay your head and put your eyes at ease
Create your life and the world that you perceive
In the centre of this world you have your own imaginary planetary universe
Fly with me…”
Dub FX – Fly with me