quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

bolero de ravel

Mau o bolero começou a tocar e os pensamentos já iam longe... Passeando por lembranças, cheiros, carinhos, memórias, emoções. Sentia a textura dos cabelos nas mãos e desembaraçava-os como quem assim desembaraça os caminhos por onde os pensamentos correm. A memória sendo guiada pela melodia suave. O violino havia levado o sono embora e trazido recordações que cortavam na mesma intensidade do som agudo que dele saia... Sabia onde tinha falhado, havia feito tudo o que cabia a si naqueles momentos, mas que, se pudesse, faria tudo diferente. Ah, se pudesse voltar ao passado com a cabeça que tem hoje... Levantou, lavou o rosto, desligou o som e saiu dirigindo em busca de novas lembranças pra ocupar o lugar daquelas...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

pra acabar com a insônia


Senti o teu cheiro invadindo o ambiente, depois o teu calor me tomou como num abraço forte e tranqüilo e aí eu pude sentir a tua respiração perto do meu pescoço, num compasso lento... Abri os olhos. Nada! Ao meu redor, apenas travesseiros, lençóis e o quarto gelado. Fechei os olhos, cadê você? Abri-os novamente, acendi a luz, abri a porta do quarto, tentativas frustradas de te encontrar por aqui. A tristeza e a saudade se fizeram presentes tão logo percebi tua ausência. Uma noite inteira acordada, apesar do sono, do cansaço... É como se o meu corpo não se encaixasse mais entre os travesseiros, faltam os teus braços, falta tua respiração como canção de ninar, falta teu corpo pra que eu possa me aninhar. E tudo que eu mais queria numa hora dessas era um simples remédio pra acabar com a insônia!

“Quem sou eu para falar de amor
Se o amor me consumiu até a espinha
Dos meus beijos que falar
Dos desejos de queimar
E dos beijos que apagaram os desejos que eu tinha
Quem sou eu para falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim”
Tango de Nanci – Luíza Possi