sábado, 27 de fevereiro de 2010

Assim, como quem não quer nada...



Assim, como quem não quer nada, você invade meus pensamentos, me traz de volta tudo aquilo que eu sempre tento esquecer. Me traz as lembranças dos abraços, dos beijos demorados, do cheiro na roupa. Traz de volta tudo que eu tento arrancar do meu coração e das minhas memórias. Mais uma vez, você volta a conversar comigo nos meus sonhos, assim, como quem não quer nada...

Assim, como quem não quer nada, me lembro dos sorvetes, dos açaís, dos sanduíches. Lembro de quando eu dormia todas as noites. A sensação que me dava quando você entrava no carro e acendia a luz pra me ver e dizia que eu estava linda, vai aos poucos confortando o meu coração, tudo aquilo era de verdade. A ansiedade quando chegava sexta-feira, a tristeza quando você ia embora, a saudade que me dava ao ouvir tua voz no telefone, vão tomando forma nos meus pensamentos, assim, como quem não quer nada...

Assim, como quem não quer nada, eu continuo vivendo. Continuo esperando que um dia isso passe. Levo a vida desejando sentir alguma coisa que me faça esquecer essa dor. Vou seguindo, querendo tantas coisas que, no final das contas, se resumem numa só, parar de sentir isso. Vou dançando, sorrindo, estudando, curtindo, preenchendo cada espaço que a tua ausência deixou, assim, como quem não quer nada...

Assim, como quem não quer nada, deixo o destino seguir seu curso. Aproveito a tranqüilidade que pela primeira vez tenho e as oportunidades que aparecem. Me apego às coisas lindas da natureza, de Deus. Vou à praia, agradeço a Deus e o que tiver que ser, será, assim, como quem não quer nada...

“Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar que o dia já chegou

Engenheiros do Hawaii – A montanha

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

enxurrada de sinceridade exagerada

A gente passa horas rindo juntos, doem as bochechas, doem as barrigas, as lágrimas rolam. Eu adoro todas as nossas conversas, mas tem algumas coisas que preciso te dizer, algumas coisas que eu nunca te disse. Eu sei que assim que você ler esse texto, vai me ligar rindo e vai dizer que eu tenho que te pagar um açaí só pelo desaforo! Bem, vamos começar com a enxurrada de sinceridade exagerada, como você costuma chamar as minhas crises de desabafo.

Eu não gosto de passar muito tempo abraçada com você, é esquisito, eu fico sem ter onde apoiar a cabeça... Tá, pode rir, mas isso realmente faz diferença pra mim. Ainda no quesito abraço, eu odeio a tua mania de me sufocar, eu não sou de pelúcia, poxa. Também não gosto quando você fica puxando o meu cabelo quando estou concentrada, isso me irrita de verdade, principalmente por que sei que é de propósito.

Não gosto quando você rouba as bananas do meu açaí, ou quando compra guaraná no lugar da coca-cola. Não gosto quando você bebe, você fica sem noção e eu fico com vergonha de verdade. Não gosto quando você escreve errado, não gosto quando você me faz ouvir essas músicas horríveis. E eu realmente odeio saber que você dirige bêbado e que você adora o perfume que eu mais peço pra você não usar. Também não gosto quando você ri quando eu chego cansada por que passei a noite tendo pesadelos e nem quando me chama de “cdf”.

Mas eu adoro quando você me pede pra te explicar algum assunto, quando você diz que eu sou magrela, mas que sou o melhor travesseiro. Adoro quando você diz que eu sou a única mulher que você confia de entregar seu carro. Adoro quando você me traz bombom de cupuaçu ou barra de cereais. Gosto muito de discutir filmes com você, de quando você fala dos meus textos. Eu adoro o seu jeito de arrumar o cabelo e de como você dança.

Eu odeio algumas coisas em você e adoro muitas outras. Você não é perfeito e eu prefiro que não seja, gosto de você assim, do jeito que você é. Mas, por favor, não me venha falar de amor, não me dê lições de moral e nem seja impulsivo. Não deixe de ser sempre tão maravilhoso, tão carinhoso, tão divertido e nem de sorrir esse seu sorriso espontâneo. Se pudesse mandar nos sentimentos, te amaria e passaria o resto da minha vida com você...


“Each morning, on each night
when I need you by my side
on each morning and on each night
when I need you

Like I don't care but each and every time
your face comes across it never ever leaves my mind.
Oh, like I don't know but...I know your thing
like I don't feel it, but I'm gonna feel it every
evening now on”

By my side – S.O.J.A

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eu e você, você e eu.



Você tem um jeito divertido de continuar me olhando, mesmo quando eu desvio o olhar com vergonha. Sua forma de me dizer que meu sorriso cura qualquer dor, me faz sorrir ainda mais. O mais engraçado em você é a sua cara de espanto sempre que eu tropeço, acho que você ainda não percebeu o quanto isso é normal. Você é encantador, mas não me conhece o suficiente, tenho certeza.

Eu sou isso que você vê e um pouco mais. Eu sou aquela menina que você fica olhando de longe enquanto ela cantarola True Love na beira do mar. Eu sou aquela menina que te arranca sorrisos por não conseguir tomar sorvete sem se melar. Eu sou aquela menina apaixonada que você sabe, não é por você. Eu sou aquela que prefere um livro a mil programas de televisão. Eu sou aquela que te tem como um grande amigo e só isso. Eu sou aquela menina que não dorme direito em muitas noites. Aquela menina abusada que detesta lugares cheios.

E você me pergunta como posso estar assim: sempre tão feliz, tão tranqüila, tão decidida. Logo eu que sempre quis tudo pra ontem, não é? Logo eu que sempre tive dúvidas em relação a tudo. Queria poder te responder de outra forma, te dizer que esqueci tudo ou, quem sabe, que você é tudo pra mim, mas só posso te dizer que felicidade é algo que está dentro da gente. Felicidade é um caminho que se escolhe.

Sou feliz hoje por que fiz as minhas escolhas e não me arrependo de nenhuma delas. Sou feliz por que tenho bons amigos. Por que tenho você, apesar de todos os pesares, e inclusive por não querer você. Sou feliz por que vivo tranqüila, por que danço sempre, por que não deposito mais a minha felicidade em ninguém. Quero continuar assim e sei que você entende. Tenho defeitos e você tem os seus, enquanto a gente puder conviver com isso, será sempre maravilhoso, não tenho dúvidas!

“Se a coisa não sai
Do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos
Lá vou eu!
E sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu...

Deixa a vida me levar
Vida leva eu!”

Deixa a vida me levar – Zeca Pagodinho

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

para sempre...


OBS.: As partes em amarelo fazem parte da música Montes Claros da Unidade Imaginária.


“Eu espero que você fique bem
E que consiga o que tentar conquistar
Que você tenha bons motivos pra rir
E um ombro pra se precisar chorar...”

Ele ia falando de um jeito que me fazia não saber se ficava feliz ou triste. Falava e a sua voz, tão suave ia me cortando por cada vértebra. No final das contas, acabei ficando triste mesmo. É muito difícil ficar feliz quando alguém vai embora, mesmo que essa pessoa te deseje, do fundo do coração, que você seja realmente feliz. Entrei em transe... Só ouvia, não dizia nada. E ele continuava...

“...Espero que você entenda o que eu fiz
E como e porquê nossa vida mudou
E que você possa também ser feliz
Mesmo em frente de tudo que acabou...”

A cada palavra meu mundo girava mais e mais, rumo ao chão. Eu me perguntava a todo instante como poderia ser feliz agora, que não teria mais o meu porto seguro. Eu prestava muita atenção em cada sílaba, tentava absorver tudo e não entendia nada. Mesmo naquele momento, eu sabia que tudo ia mudar, eu ia precisar mudar, só não sabia como. Seu discurso prosseguia.

“...Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba sempre que o amor é pra sempre...”

Certo, o amor é pra sempre... E eu lá, parada, olhando pro nada. Pensava numa forma de continuar, de seguir em frente. Pensava em como mostrar que o amava e em como seria difícil dali em diante. Pensava, pensava e pensava. As palavras ainda entrando pelos ouvidos e entranhando na minha carne, se instalando na minha cabeça.

“...Eu escolhi meu caminho sem você
Mas me afastar não quer dizer que esqueci
É que seguir sem mudar ou crescer
É o mesmo que não ter aonde ir...”

Eu me sentia muito pequena ao seu lado. Segundo após segundo eu me sentia como se desaparecesse. Era a minha vontade, sumir! Ai, meu Deus, o que seria de mim depois que tudo terminasse? Tudo no momento não fazia muito sentido, mas iria fazer muito tempo depois. Minha teimosia não me deixava perceber... Cada palavra ia me marcando de uma forma mais forte que uma tatuagem.

“...Eu penso em você todos os dias
E rezo pra ferida virar cicatriz
Mas não tem como dizer que eu não queria
Que a gente tivesse um final mais feliz...”

Se queria um final feliz, por que estava me deixando? Eu não conseguia entender, eu não queria entender. Não queria mais nada daquilo, preferia apagar tudo da minha cabeça, do meu corpo, de mim. Todo aquele discurso ecoando dentro de mim. Eu não queria mais ouvir, estava doendo, estava me machucando. Não fazia idéia dos milagres que o tempo pode fazer.

“...Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba sempre que o amor é pra sempre
Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba sempre que o amor é...”

No final das contas, eu só vim entender tudo aquilo muito tempo depois. Cada palavra passou a fazer sentido, cada sílaba, cada gesto. Era o tempo agindo, abrindo a minha cabeça, me fazendo aceitar críticas, crescer. Tanto tempo aquelas palavras ecoando dentro de mim. E só depois de tudo aquilo, de todo esse tempo, eu então percebi que era tudo muito simples, eu que complicava. Que grande tola! Era só isso? Agora que eu tinha entendido o que ele queria dizer, era eu quem repetia com todo coração:

“...Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba sempre que o amor é pra sempre

Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba que eu te amo pra sempre!”

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Engraçado e esquisito.

Achei engraçada e igualmente estranha a maneira que ela se encontrava em tudo que acontecia à sua volta. Por vezes, se imaginava no lugar das pessoas envolvidas em uma determinada situação. Tinha adquirido o hábito de sempre se colocar no lugar do outro, acabava achando explicação pra todos os atos de todas as pessoas. Ela dizia que sempre havia uma explicação que justificasse ou não um acontecimento.
Era engraçado porque ela, apesar de sua pouca paciência, encontrava saídas pra não ficar com raiva de determinadas situações. Logo ela, que sempre foi tão intransigente. Ela estava tão centrada que nem parecia mais consigo mesma. Nunca tinha imaginado vê-la dessa forma. Tão limpa, tão pura, tão linda.
Era esquisito, pois eu não imaginava que ela teria jeito. Achava ela tão doida, uma doida com um coração maravilhoso, sem maldade nenhuma, mas, ainda sim, uma doida. Ela ainda era super divertida, ainda dançava com todo esplendor e seu sorriso parecia ter ainda mais luz que sempre. Seus olhos miúdos conseguiram ser ainda mais expressivos e eu me perguntava como ela poderia ter ficado tão bem. Será que eu conseguiria crescer desse jeito?
Continuava com seu jeitinho de menina, só que com uma postura adulta. Era difícil me acostumar com isso, ela era sempre tão moleca... Cada dia que passava ela ia se afastando mais de mim, eu sabia o motivo: ela havia crescido. Ao mesmo tempo, eu a sentia muito presente, sempre estava aqui quando eu precisava, sempre sorria ao me dar uma bronca, passava a mão na minha cabeça e não demorava a ir embora.
Era engraçado e esquisito. Era difícil, acima de tudo, principalmente pra mim, que nunca estive preparado pra isso. Complicado demais pra mim, ouvir um não tão seguro quando eu a chamava pra sair. Feliz demais por ela estar tão focada em seus projetos e muito triste por que já não conseguia mais acompanhar seu ritmo. E mesmo distante ela estava sempre tão presente no meu coração. Meu amor por ela, só fazia aumentar. Ela era linda!

"I've seen this one before, the girl she gets away
Everybody knows it but no one tries to stop it
Cause she barely even knows him but if she could see inside
Everything is quiet as she waits to tell him who she is
Is this all we get to be absolute"
the fray - absolute

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

No que não se descreve


Acredito em sentimentos, puros e verdadeiros. Acredito no que é belo, no sublime, no indescritível. No amor, na saudade, na felicidade, na tristeza. Acredito no que não se toca, no que não se vê, no que não se ouve. Acredito naquilo que cada um sente de uma forma específica e que, ao mesmo tempo, é tão parecido com o que o outro sente. Acredito naquilo que não se consegue descrever apenas com palavras.

Pode me dizer que é papo de sentimentalóide, mas eu não consigo crer muito em coisas passageiras. Os sentimentos marcam a gente pra sempre e, quando são intensos, sempre deixam dentro da gente uma centelha que não se apaga. As atitudes são hoje, mas amanhã, tudo pode mudar, até marcam, mas não com tanta força como um sentimento.

Cada atitude pode ser explicada, questionada. De repente uma coisa que você sempre fez, não faz mais. Como num passe de mágica, algo que você nunca fez torna-se habitual. As ações de cada indivíduo vão mudando ao longo da vida. Pelo menos essa é a ordem natural das coisas... Você vai aprendendo coisas novas e descobrindo que algumas nem são tão boas assim e o sentimento fica lá, amadurecendo, mas sempre presente. Tente definir algum sentimento...

Até acontece de por causa de suas atitudes, você mudar um sentimento. Mas o mais comum é que seu sentimento mude as suas atitudes. O sentimento amadurece e suas atitudes também, desde que você saiba lidar com isso. Não se amadurece do dia pra noite, como já disse outras vezes, mudanças sempre são gradativas.

Os sentimentos têm poderes mágicos é só você permitir que esses poderes atuem em você. As expressões da gente mudam, quando se tá amando, parece que tem estrelas saindo da gente o tempo todo, você fica mais bonito. Quando se está triste, sua expressão fica mais pesada. Os sentimentos me encantam e as atitudes movidas por eles também. Deu pra vocês entenderem?

“Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer
Me fez despertar
Me disseram uma vez
Que o danado do amor
Pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar
Me disseram também
Que o amor faz bem
E que vence o mal
E até hoje ninguém conseguiu definir
O que é o amor

Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz
É emoção
O amor
Quando a gente ama, é um clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor”

Maria Rita – O que é o amor

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Maturidade

“É, a gente tá ficando velha!”, ela falou isso com tanto espanto e certeza que a única coisa que eu consegui fazer foi: chorar de rir. Só dá pra rir mesmo! Quem já se viu, comemorar por que conseguimos ficar na rua até as três da manhã? Oras, em outros tempos estaríamos reclamando: dava pra ficar até as sete... Nenhuma de nós quer mais a vida que levávamos nos tempos de escola.

Um pouco depois, com o ânimo mais calmo, concordei. Não que estamos ficando velhas, apesar de também ser, estamos mais maduras. Estamos dando espaço para que a maturidade chegue. Agora, quando alguém nos chama pra sair a resposta é sempre a mesma, só se for pra ir cedo e voltar cedo. Sair sem saber pra onde vai e como volta? Um absurdo!

É divertido como agora, a gente fica desejando uma casa de praia num domingo, que é pra não ficar no meio da muvuca. Em anos passados, nessa época do ano, estaríamos bolando como faríamos pra ir todos os dias pro carnaval, Olinda pela manhã e Recife Antigo à noite, planejando dormir só três horas por manhã (quando chegávamos em casa). Agora a gente pensa em como vai fazer pra fugir da multidão.

De nós, eu sou a mais chata. Admito. Parei de beber, tenho fobia a multidão, a lugares apertados ou pouco iluminados e tenho um verdadeiro pavor a quem invade o meu espaço. Elas dizem que eu sou a mais velha, apesar de ser a mais nova. Sabem que algumas vezes, nem adianta forçar, não vou sair de casa e ponto final. Em uma coisa nós concordamos, não dá mais pra viver como era antes, não dá mais pra ser de outro jeito se não assim.

Depois de tudo que passamos, de tudo que sofremos, depois de tudo que vivemos até aqui, estamos seguindo o melhor caminho. Estamos na trilha de quem quer crescer. Chegamos até aqui pela vontade de se superar, de ser melhor. Chegamos até aqui firmes e muito melhores do que sempre fomos. Chegamos onde estamos pela vontade de sermos felizes e pedimos todos os dias a Deus pra não precisarmos passar por tudo de novo, agradecemos a Deus por termos aprendido tanta coisa.

“I got this feelin that I've
had in me before I could speak
And when I could, I couldn't tell
people how it felt to me
it's like there's something in
my heart that lets me know
that I'm free, but i don't ever
know when that will be
that's if I name it. Also, if
it even happens at all,
cuz I'm related to a place
I've never been to or saw...

Summer Breeze – S.O.J.A.