terça-feira, 31 de agosto de 2010

Conselhos da lua

Olhou bem dentro da minha alma e sorriu aquele sorriso quente de quem se preocupa. Era como se naquele momento ela estivesse me abrançando e mexendo nos meus cabelos me consolando. Foi um dia difícil pra mim, ela sabia. O mar observando tudo, quieto, calmo, ondas curtas. Naquele momento era de calmaria que eu precisava.

Não tinha ouvido ninguém o dia inteiro... Não queria ver ninguém! Nenhuma presença amenizaria aquela saudade, nenhuma conversa me ajudaria, ninguém tinha aquela voz... Nenhum abraço seria capaz de me trazer conforto, porquê ninguém no mundo sabia me abraçar daquele jeito, com aquele abraço. Que dia difícil! Tanto tempo que não me sentia assim...

Ela começou falando baixinho e assim permaneceu por todo o seu monólogo. Eu ia apenas confirmando com a cabeça, fazendo força pra não deixar as lágrimas rolarem enquanto ela me falava sobre felicidade e amor. "Não fuja da sua felicidade... Se é assim que você é cem por cento feliz, fugir só torna as coisas mais difíceis e o processo mais longo."

Ela me conhecia como ninguém. O mar não se metia, aquela era uma conversa entre mulheres. E o discurso dela seguia: "isso que você sente é saudade e saudade é o amor que fica, é a nossa alma dizendo pra onde quer ir. Essa angústia, essa dor, meu bem, é pra você aprender que o rio não corre mais rápido só porque a gente quer."

A cada palavra dela eu ficava mais confusa se o que ela estava tentando fazer era arrancar aquilo de mim ou se queria me afundar ainda mais naquilo tudo. A cada palavra um milhão de lembranças recheadas de cheiros e de sensações. "Você está sendo teimosa, querendo apagar de si aquilo que faz parte essencial do seu ser. Foram tempos difíceis, eu sei, mas você não é feliz assim. O amor, minha princesa, tem dessas coisas.

Tudo tem uma razão de ser. Você foge do que é pra não sentir tanto, mas lá na frente, o tempo se encarrega de lhe trazer tudo de volta, como agora. Você é feita de sentimento, amor por dentro e por fora. Seu coração não é mais seu, foi dado de presente a outra pessoa e você não tem outra escolha a não ser conviver com isso. Pelo menos até o tempo mudar de vontade e pode ser que ele nunca mude..."

Me despedi dela com um sorriso. O mar continuava quieto, retribuiu o meu aceno e me desejou uma boa noite. Voltei pra casa ainda sem muita vontade de pensar. A saudade pertubando... Uma vontade enorme de ser cada vez melhor e o desejo de ter meu sonho realizado. Ela tinha razão, se era ali que eu era feliz, não adiantava fugir...

Um comentário:

Rafa Souza Leão disse...

Simplesmente divinoooo! Amei!