quarta-feira, 18 de agosto de 2010

belíssimo caso de amor.



Mais uma vez cumpriu seu ritual: colocou a bolsa na cadeira, tirou a roupa e correu com toda vontade pra lhe mostrar que tinha chegado. Duas semanas sem aparecer, estava com tanta saudade de tudo aquilo... Parecia que nunca tinha ido lá! E era sempre assim, esse encanto ao chegar. Como criança, quando ganha o presente de aniversário mais desejado.

O mar lhe sorriu, sua menina estava radiante. De presente lhe ofereceu belas ondas. Fez um acordo com o céu, pediu poucas e engraçadas nuvens, para que nelas a mocinha pudesse ver os mais variados desenhos. Ah, como ela gostava disso... Se divertia entre elefantes, dragões e flores, seu sorriso ganhava mais força a cada descoberta. Abria aquele sorriso gigante e se mantinha assim durante o dia inteiro. Ela era apaixonada por todo aquele conjuto: céu, areia, vento e ele, o mar. Fazia questão de ir lá sempre que podia.

Apesar dos outros frequentadores, aquele era o seu lugar, só seu. Era ali que suas forças eram renovadas, onde agradecia por seus desejos atendidos. Ultimamente tinha tido tantas coisas boas pra contar... E seu maior confidente não podia ficar fora dessa. Cada dia mais feliz, cada vez mais sorridente, linda! Era contagiante tudo aquilo.

Ele também estava todo orgulhoso, afinal, ela nunca esquecia dele. Era um amor tão lindo o deles dois... Engraçado mesmo poder notar a mudança na dança das ondas, era só ela chegar. Divertido perceber que tudo ficava mais colorido com sua presença. Intrigante e curioso, um espetáculo fantástico!

Toda vez ia com um biquini diferente das vezes anteriores. Arrumava o cabelo, colocava um chapéu e óculos escuros. Também não esquecia do protetor solar fator 50 de protecão. Queria estar sempre bonita e bem cuidada. Mas não era por vaidade, dizia que se fosse sempre do mesmo jeito, o mar enjoaria dela. Onde já se viu, uma coisa dessa?

Seu namorado achava engraçado e nem sentia ciúmes. O caso de amor entre ela e o mar, já era antigo. Desde os veraneios em Pau Amarelo, Janga e Maria Farinha. Vinha da época dos gritos da avó: "Menina, sai da água, você vai acabar virando sereia! Olha só esses dedos enrugados!". Ela nunca obedecia... Amor maior que aquele nunca existiu.


"veio de manhã molhar
os pés na primeira onda
abriu os braços devagar
e se entregou ao vento
o sol veio avisar
que de noite ele seria a lua
pra poder iluminar Ana, o céu e o mar
(...)
Ana aproveitava os carinhos do mundo
os quatro elementos de tudo
deitada diante do mar
que apaixonado entregava
as conchas mais belas, tesouros de barcos e velas
que o tempo não deixou voltar
onde já se viu
o mar apaixonado por uma menina
quem já conseguiu dominar o amor
porque que o mar
não se apaixona por uma lagoa?
Porque que a gente nunca sabe de quem vai gostar?
(...)
Ana e o mar...mar e Ana
todo sopro que apaga uma chama
reacende o que for pra ficar"
Ana e o mar - O Teatro Mágico

Um comentário:

Rafa disse...

Adorei muitoooo