Inexistência do ser...

O vazio que de tão grande não deixa caber mais nada dentro do corpo. É como um buraco negro que engole tudo, felicidade, tristeza, saudade, euforia, e no final das contas não sobra mais nada. É tudo o que se tem, não é raiva, não é decepção, não é alegria, não é infelicidade, literalmente não é nada. É difícil até de explicar.

É o nada que fica quando a festa acaba. É o que sobra quando todo mundo vai embora. É o que preenche deixando um espaço oco, onde antes estava a euforia da curtição, a risada dos amigos, a alegria dos telefonemas de boa noite. É tudo que vai embora quando a porta do quarto é fechada, é o nada que fica quando se percebe só. É o espaço vazio que aquilo que é momentâneo deixa.

No final das contas, não é mentira dizer que não se tem nada. Ás vezes é realmente tudo o que se tem. Ter muito o que sentir, ter muito o que querer, muito que conseguir, mas, por hora, não ter nada. Talvez seja a inexistência do ser, o não se ver importante, se notar descartável. É procurar um afago e não encontrar consolo. É o telefone que chama, mas ninguém atende. É o bom dia não retribuído, é se sentir invisível.

De uma hora pra outra, o vazio invade e toma conta de tudo. Ele deixa a mente conturbada, sem saber o que pensar ou o que fazer. O coração sangra e nem sabe o porquê. São milhões de coisas passando pela cabeça, saudade do que foi bom, vontade de algo que realmente dure, que realmente valha a pena. Não querer mais estar sozinho, querer ter pra quem voltar, querer um cafuné na hora de dormir.

Pode ser saudade do que já foi, frescura, medo, idiotice e, para os que não entendem, pode ser até falta do que fazer. Cada um dá a isto o nome que quer. Eu chamo de vazio, chamo de nada. Acho que esta é a melhor definição pra uma mente perdida...

“Spend all your time waiting

For that second chance

For a break that would make it okay

There's always some reason

To feel not good enough

And it's hard at the end of the Day”

Sarah Mclachlan - Angel