terça-feira, 19 de outubro de 2010

entropia

Da mesma forma que a pétala arrancada de uma flor não pode voltar ao seu lugar, eu sabia que depois daquele beijo eu não seria mais a mesma. Na verdade, as mudanças já vinham acontecendo desde o dia em que te conheci, desde o instante em que teu sorriso alinhado e hipnotizante brilhou pra mim. As coisas foram acontecendo sem que eu pudesse me dar conta das transformações que ocorriam em mim... Cada gesto seu, cada olhar, cada movimento, refletiam numa intensidade muito maior em mim.

Eu me apaixonei por você. Me entreguei, me atirei nos teus braços da mesma forma com que se joga uma pedra no rio: sem pensar, sem se preocupar se a pedra vai afundar. Acabei fazendo de você a minha única razão de ser feliz, meu porto seguro, me guia. Esqueci de mim. Se você estivesse bem, eu estaria bem e era isso o que mais importava. Eu ganhava o dia só por ver o teu sorriso, a semana pelo teu olhar e o mês pelo teu abraço...

Meu sonho era ilusão. A pasta de dente não volta para o tubo e eu também não voltaria a minha vida de antes. Perdi o chão, demoliram minhas paredes, sumiram com o meu teto, nem as cadeiras restaram pra que eu pudesse me segurar. Destruíram as minhas fantasias e a imagem tão perfeita que eu havia feito de ti. Estava sem nada, não sabia quem era e não fazia mais idéia daquilo que queria ser. Então, decidi ser forte.

Primeiro, afoguei todas as mágoas no whisky, esperando que cada gole me trouxesse amnésia, traguei cada ressentimento como se a fumaça levasse consigo toda aquela sensação ruim, fiz do meu desgosto uma festa. Às vezes é preciso perder a cabeça pra aprender a ser racional. Depois disso, tracei novos planos, novos sonhos, novas atitudes. Aprendi a fazer de cada instante, o melhor e foi assim que eu percebi que tudo na vida muda e que nada pode voltar a ser como era antes, sempre vai ser melhor ou pior, mas jamais a mesma coisa.

Um comentário:

Rafa disse...

do caralho, dupla