terça-feira, 16 de março de 2010

Bailarina



O corpo se movimenta. O ar acompanha os movimentos suaves dos braços, o balançar delicado da cintura... O mundo gira enquanto ela gira, e tudo ao seu redor parece se animar com o seu gingado. As árvores, o céu, sua cachorrinha, todos parecem sorrir. Até a irmã, que tinha acordado abusada estava sorrindo com a sua dança.
A música estava alta e tinha um incenso aceso, rosa branca, pra lhe trazer amor. Ela ia dançando, girando, sorrindo, cantando, ia colorindo o seu mundo e o daqueles que conseguiam sentir a sua vibração. “Vibrações positivas sempre”, ela repetia enquanto rodopiava pela casa. Ela fechava os olhos, como quem agradece a Deus, era uma coisa linda de se ver...
Dançar era sua terapia. Sua fonte inesgotável de sorrisos vinha dali, da dança, do seu balanço. E ela seguia dançando, sorrindo, girando, brincando. Tão divertido que era olhar pra ela quando ela estava assim. Tudo estava em perfeita harmonia, a música, o cheiro das rosas, o toque sutil do vento. Até quem estava de fora, se pegava, sem querer, num balanço, seguindo o ritmo suave dela.
Por mais cansada que estivesse seu sorriso sempre estava lá. Ela era divertida, achava beleza em tudo, dançava por tudo. Não é lá muito difícil de agradar essa menina, dê-lhe um chocolate, convide-a para dançar ou para um passeio olhando o mar. Até as piadas mais sem graças arrancavam-lhe gargalhadas, daquelas de te fazer rir só por escutar.
Ela era intensa, em tudo e com todos. Chegava iluminando tudo com seu sorriso cheio de dentes reclamando graciosamente: “que injusto, eu devia estar na praia com um açaí, olha só esse sol, minha gente!”. Eu ria baixinho, só consigo pensar que na vida passada ela era uma seria e enfeitiçava os pescadores com o seu olhar divertido e com o seu gingado no ritmo do mar. Mas ela sempre destrói minhas nuvens de sonhos: “sereias têm vozes lindas, encantam os pescadores com seu canto, eu tenho voz de gralha, Mané...”.
Acho, sinceramente, que se um dia eu pudesse ser de outro jeito, seria como ela, suavidade em sua forma mais aguçada...

“Moça, olha só, o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê
(...)
É bom te ver sorrir
Deixa eu ver à moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: - assim é que se faz.”
Los Hermanos – Além do que se vê

Um comentário:

L. Menard disse...

Amo essa música! A cena narrada é hilária =D