
OBS.: As partes em amarelo fazem parte da música Montes Claros da Unidade Imaginária.
“Eu espero que você fique bemE que consiga o que tentar conquistarQue você tenha bons motivos pra rirE um ombro pra se precisar chorar...”
Ele ia falando de um jeito que me fazia não saber se ficava feliz ou triste. Falava e a sua voz, tão suave ia me cortando por cada vértebra. No final das contas, acabei ficando triste mesmo. É muito difícil ficar feliz quando alguém vai embora, mesmo que essa pessoa te deseje, do fundo do coração, que você seja realmente feliz. Entrei em transe... Só ouvia, não dizia nada. E ele continuava...
“...Espero que você entenda o que eu fizE como e porquê nossa vida mudouE que você possa também ser felizMesmo em frente de tudo que acabou...”
A cada palavra meu mundo girava mais e mais, rumo ao chão. Eu me perguntava a todo instante como poderia ser feliz agora, que não teria mais o meu porto seguro. Eu prestava muita atenção em cada sílaba, tentava absorver tudo e não entendia nada. Mesmo naquele momento, eu sabia que tudo ia mudar, eu ia precisar mudar, só não sabia como. Seu discurso prosseguia.
“...Se te disserem que nada é pra sempreSaiba sempre que o amor é pra sempre...”
Certo, o amor é pra sempre... E eu lá, parada, olhando pro nada. Pensava numa forma de continuar, de seguir em frente. Pensava em como mostrar que o amava e em como seria difícil dali em diante. Pensava, pensava e pensava. As palavras ainda entrando pelos ouvidos e entranhando na minha carne, se instalando na minha cabeça.
“...Eu escolhi meu caminho sem vocêMas me afastar não quer dizer que esqueciÉ que seguir sem mudar ou crescerÉ o mesmo que não ter aonde ir...”
Eu me sentia muito pequena ao seu lado. Segundo após segundo eu me sentia como se desaparecesse. Era a minha vontade, sumir! Ai, meu Deus, o que seria de mim depois que tudo terminasse? Tudo no momento não fazia muito sentido, mas iria fazer muito tempo depois. Minha teimosia não me deixava perceber... Cada palavra ia me marcando de uma forma mais forte que uma tatuagem.
“...Eu penso em você todos os diasE rezo pra ferida virar cicatrizMas não tem como dizer que eu não queriaQue a gente tivesse um final mais feliz...”
Se queria um final feliz, por que estava me deixando? Eu não conseguia entender, eu não queria entender. Não queria mais nada daquilo, preferia apagar tudo da minha cabeça, do meu corpo, de mim. Todo aquele discurso ecoando dentro de mim. Eu não queria mais ouvir, estava doendo, estava me machucando. Não fazia idéia dos milagres que o tempo pode fazer.
“...Se te disserem que nada é pra sempreSaiba sempre que o amor é pra sempreSe te disserem que nada é pra sempreSaiba sempre que o amor é...”
No final das contas, eu só vim entender tudo aquilo muito tempo depois. Cada palavra passou a fazer sentido, cada sílaba, cada gesto. Era o tempo agindo, abrindo a minha cabeça, me fazendo aceitar críticas, crescer. Tanto tempo aquelas palavras ecoando dentro de mim. E só depois de tudo aquilo, de todo esse tempo, eu então percebi que era tudo muito simples, eu que complicava. Que grande tola! Era só isso? Agora que eu tinha entendido o que ele queria dizer, era eu quem repetia com todo coração:
“...Se te disserem que nada é pra sempre
Saiba sempre que o amor é pra sempreSe te disserem que nada é pra sempre
Saiba que eu te amo pra sempre!”
3 comentários:
Nos piores momentos que vemos a força que temos, por mais que doa. Nos nossos piores momentos crescemos e aprendemos a dar valor as coisas que realmente importam.
Gostei do desenho que ilustra a cabeça do texto. Quanto a ele:
"Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo..."
Li de novo o texto e lembrei de outra das músicas do Oswaldo Montenegro, e ele diz: "Eu sei que sou pra sempre, mas sempre não é todo dia"
Bjo.
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