é verdade, apesar de clichê...

Tu me questionastes se não havia algo errado comigo, achaste estranho eu sempre falar do meu trabalho quando me perguntas se estou feliz e na hora em que falo dos meus amigos, enumerar suas famílias e seus relacionamentos estáveis como algo que me deixaria completamente feliz. Devo lembrar-te, a moça bonita que dança sensualmente em cima da mesa enquanto todos a observam, pode ter movimentos graciosos e beleza extraordinária mas, ainda assim, dança sozinha. É maravilhoso ouvir como se é bonita ou perceber a admiração na voz de alguém que te fala como és especial, não menosprezo isso, apenas cansei de voltar sozinha pra casa no final do dia. Quer saber? Tem hora que os teus amigos, por mais que tentem, não conseguem suprir todas as tuas necessidades. Não tenho mais tanta paciência pra badalação e festas cheias de bebida e pessoas, me sinto uma estranha no ninho por mais que todo mundo se empenhe em me deixar bem, sou mais uma na multidão (é verdade, apesar de clichê). E, neste momento, eu não tenho precisado de um abraço fraterno. Amigos, eu tenho ótimos, sinto falta de alguém que me pergunte como foi a reunião ou se eu quero um pote de sorvete enquanto assistimos um filme abraçados. É aquela velha necessidade de cuidar de alguém, de ter alguém que se preocupe e que possa, durante a noite, me lembrar que eu não estou sozinha depois de um pesadelo bobo. Sem ter quem me espere voltar pra casa, o fato de eu ser bem sucedida no emprego ou ter estabilidade financeira pra fazer o que eu quiser, fica meio sem sentido... E, agora, tu já podes me dizer que eu tenho uma visão muito romântica das coisas.