sábado, 13 de novembro de 2010

vidas entrelaçadas

Tantos anos e duas vidas depois, nos sentamos no mesmo banco de praça em que tantas vezes brigamos e nos reconciliamos. Se alguém nos observasse de longe, certamente pensaria se tratar de dois desconhecidos. Cada um contando dos causos acontecidos no intervalo de tempo em que não conversavamos assim, tão despretensiosamente. Tantas mudanças... Coisa da idade, reflexo do nosso amadurecimento.

Nem era pra ser assim, levando em consideração as duas décadas de vidas entrelaçadas, mas me assusta ver o quão bem você me conhece. Foi difícil perceber como eu sempre levo tanto tempo pra notar que estou enveredando por caminhos que não fazem parte daquilo quero pra mim. E você? Você sempre soube, sempre sabe, me conhece melhor que eu mesma. Isso me encanta na mesma proporção que intriga. Nem mesmo que nós dois quiséssemos poderia ter sido diferente.

Tantas lembranças trazidas à tona em tão poucas horas de conversa, enquanto o coração latejava de saudade daquele tempo bom. Aquela nossa briga... Acabei bloqueando os detalhes, mas consegui sentir a mesma raiva, não de você, é claro, e sim do motivo que nos fez ficar sem se falar por tanto tempo. A carta que te escrevi falando de como eu me sentia com a tua ausência, nossas lágrimas naquele encontro, jamais voltamos a ser como éramos um com o outro. Nunca consegui sentir raiva de você e apenas não sei que nome pode ser dado aquele sentimento que eu tinha em relação a você. Duas décadas e um pouco mais de tantos desencontros, de tantas histórias que só viemos entender agora, muitos anos depois.

Sentados ali, no banco de cimento, recordando infância e adolescência, a importância de um na vida do outro ficou tão exposta! Tanto carinho, tanto amor... Fazem poucos minutos desde que você entrou no seu apartamento e que eu subi para o meu, a saudade já se aninhou em meu peito. Pra sempre a certeza em meu coração: não sei o que seria da minha vida sem você...

3 comentários:

Bruno Costa disse...

Os sonhos só acabam quando abrimos os olhos. Estar acordado não é a condição necessária para este fim.

Anônimo disse...

Aninha...

Por incrível que pareça este post foi o mais espetacular ... esse sim saiu da alma...

Parabéns..

Fabíola disse...

Lindo texto!

Existem pessoas assim, que por mais que existam idas e vindas (mais idas do que vindas, as vezes), nos fazem nos sentir vivos, mesmo que de longe.

Amor e só.