É assim que eu te amo...

Aqui o que conta não é o tempo que a gente já se conhece, tampouco a afinidade com as palavras, muito menos a paixão pelo cinema. Não são as semelhanças e nem as diferenças. Nesse caso, nada disso é relevante. O que realmente importa, nessa amizade é a segurança de saber que a outra vai estar lá aconteça o que acontecer.

Não foram as vezes que a gente ficou até tarde no bar bebendo e comendo tripa frita. Não foram todas as finais do Sport que vimos juntas e que o Sport foi campeão. Não foi a nossa primeira eucaristia e nem a aula da saudade na oitava série. As minhas lembranças mais vivas de você foram feitas de outra maneira.

Eu me lembro do seu desespero naquele quarto cheio de mosquito em Maria Farinha: “Ai, meu Deus, Aninha, não chora não...”. Lembro que quando você acordou no dia seguinte, você me olhou e me disse que tudo ia passar. Lembro de todas as vezes que você me arrastou de casa pra que eu não ficasse triste e nem pensando no que não devia.

Você não imagina como eu fiquei orgulhosa no carnaval, quando você me contou um dos seus segredos mais íntimos. Não faço nem idéia se você sabe, mas eu fiquei muito feliz por você confiar em mim. Amizade é isso, essa conexão que te faz escrever sobre o que eu sinto e que me faz fazer o mesmo por você.

Por isso eu te digo, não foi por causa de Alice no País das Maravilhas na alfabetização, nem por a gente ter dançado com aquelas fraldas gigantes a música de Simone no final da quarta série e muito menos por termos mostrado o Leão do Norte a Ariano Suassuna na quinta série. Nossa ligação vai além disso, vai além da prova de matemática que todo mundo filou na sexta série e tia Liliane descobriu e nem por todos os ditados e tabuadas de tia Graça. Somos amigas, por que Deus quis assim, por que a gente precisa de pessoas especiais ao nosso lado.

Eu tenho você e você tem a mim. Não importa a distância, o lugar, nem a hora. Não importa se eu parei de beber ou se você vai me ligar a cobrar. Amizade de verdade é assim e é assim que eu te amo.

“Nossos sonhos, realidades
Todas as vertigens, crueldades
Sobre nossos ombros
Aprendemos a carregar
Toda a vontade que faz vingar
No bem que fez prá mim
Assim, assim
Me fez feliz, assim...

O amor sem fim
Não esconde o medo
De ser completo
E imperfeito...”

Barão Vermelho – Meus Bons Amigos